domingo, 15 de novembro de 2009

Veneza, um jantar e um Martini

Era segunda-feira e ela tinha marcado a viagem imediatamente para a sexta-feira. O destino onde ia passar as duas próximas semanas de férias seria a Itália, mais precisamente em Veneza.
Não conhecia ninguem no país, mas estava disposta a partir numa aventura, até porque tal aventura poderia vir a mudar o seu verão... Começou logo por tratar de tudo, fechou o atelier e foi tratar de si, pensar no que queria levar e fazer as malas, ver pela internet o que gostaria de conhecer e marcar o hotel.

Embarcou na sexta-feira e quando lá chegou ficou instalada no hotel que tinha reservado em Portugal, numa suite bastante acolhedora e envolvente. A viagem tinha sido um tanto ou quanto atribulada mas o cansaço ainda não dominara o seu corpo por completo, pousou as malas e foi imediatamente passear. Estava louca por conhecer Veneza, afinal, sempre foi a seu destino de sonho.

Catarina era muito segura de si, independente e aventureira, mas mesmo sendo estilista de profissão o seu dia a dia e os seus trinta anos de existencia já ambicionavam algo novo. O seu namoro ja durava há alguns anos, quatro ao certo e com mais baixos que altos a sua relação não estava a resultar, terá sido por isso que dicidiu pedir um tempo ao namorado e fazer a viagem, pois não só seria um grande momento para avaliar todo o seu trajecto até ali como também aproveitaria para recarregar baterias.

Ainda na mesma tarde conheceu uma parte da cidade mas logo voltou para o hotel, precisava de ligar para a familia em Portugal e mesmo para o seu namorado, o Miguel. Continuavam a ser amigos, a cima de tudo. Ligou o computador, pôs toda a correspondência em dia, fez todos os telefonemas que tinha a fazer e depois de algum tempo a vaguear pela internet acabou por descobrir algo surpreendente. Um jantar em pleno coração de Veneza, bem perto do hotel onde estava instalada, para solteiros em geral, aventureiros e com vontade de passar uma boa noite, com direito a jogos de prazer.

Naturalmente, não perdeu tempo e foi arranjar-se, já eram quase 20h e o jantar estava marcado para as 21h. Tomou um banho, arranjou o cabelo, vestiu o seu vestido vermelho de eleição, calçou uns sapatos de salto alto, bem alto e estava pronta para arrasar em Veneza. A Catarina sempre foi uma mulher muito elegante e sedutora.

Já no jantar, sentou-se numa das mesas reservadas no restaurante e à sua frente sentou-se uma rapariga, extremamente atraente e bonita e que por acaso também era portuguesa.Trocaram alguns olhares e foi um passo até começarem a conversar como se já se conhecessem há anos. Chamava-se Inês e morava sozinha num pequeno T1. Estava em Itália há já seis meses em Erasmus, no curso de linguas. Os seus vinte e cinco anos eram bem visiveis no seu rosto e em todo o seu corpo curvilíneo.

Jantaram, conversaram, conheceram-se mais e mais...e numa troca de palavras e sorrisos, descobriram que tinham vários factores em comum. Ainda antes da sobremesa e ignorando todos os jogos de prazer que iriam ocorrer naquele jantar decidiram ir tomar um copo de Martini para a casa da Inês. A Curiosidade era recíproca e existia entre as duas, algo inexplicavel. Um certo desejo, uma certa vontade e sede de algo carnal. Estavam as duas a necessitar de uma noite diferente.
Ao fim do segundo copo já estavam envolvidas, ao fim do quarto copo já as duas tinham trocado o primeiro beijo e ao fim do quinto, já estavam numa posição suficientemente constrangedora, mas ao mesmo tempo bastante sugestiva e excitante.
Ao Som de Zero 7, as coisas foram acontecendo a pouco e pouco e as meninas terminaram a noite uma em cima da outra, depois de tanta loucura e tanto pecado junto, acabando as duas por adormecer em plena sala. As mulheres têm uma certa capacidade para fazer determinadas coisas e depois não dizerem nada no fim, mas desta vez foi diferente. Logo pela manhã a Catarina tinha que voltar para o hotel, mas não o fez antes de deixar um bilhete em cima da mesa da sala: “Adorei a noite! Foste magnifica e puramente deleitante. Espero por ti no hotel, por volta das 13:30. Gostava de almoçar contigo. Um beijo intenso. Catarina.”

De certa forma, tudo aconteceu ao acaso, mas começou logo por dar uma grande reviravolta nas suas férias e mesmo na rotina da Inês. Acabou por nascer uma paixão no meio de tanto copo de Martini, no meio de tantas palavras ditas e de tanto sentir de corpo. Passaram o resto dos dias juntas, depois de perceberem ao certo o que estava a acontecer entre elas, e até terminarem as férias da Catarina.

Antes de voltar para Portugal, a Catarina tomou uma decisão. Convidar a Inês para passar algum tempo com ela na sua casa em Lisboa seria o passo seguinte. Num outro país, numa outra rotina, tudo poderia ser diferente, tudo podia mudar. Convidou-a e para seu espanto, a Inês acabou por aceitar, apenas para passar uns dias, porque estarava de férias da faculdade e porque queria conhecer mais sobre a sua vida e mais sobre Lisboa, já que era natural do Porto.
A Catarina Ligou para o Miguel a contar as novidades, como fazia todos os dias ao fim da tarde, mas desta vez só falou sobre a sua amizade com a Inês. Discutiram, mais uma vez, para inicio de conversa e entre palavrões e frases negativas, disse-lhe que estava apaixonada por ela e que iria leva-la consigo para Lisboa. O Miguel não quis acreditar, ficou pasmado, mas não era algo que já não esperasse vindo da Catarina. Mais calmo, disse que as esperaria no aeroporto, no dia da sua chegada, para confirmar se não seria mais uma brincadeira da namorada.

O Miguel era uma especie de informático stressado e deprimido, sendo o mais velho de dez irmãos, tinha trinta e dois anos e era bastante timido, mas ao mesmo tempo aventureiro. Isto dava uma especie de cocktail molotov para a Catarina. Altamente explosivo!
Chegaram a um sábado de manhã e como já a Catarina sabia, o Miguel estava a espera delas no aeroporto. Apresentou-o a Inês, conheceram-se, dialogaram, houve uma troca de olhares, e finalmente foram para casa da Catarina.

Algo tinha ficado novamente no ar, mas desta vez entre a Inês e o Miguel. Rápido se chegou à conclusão que havia ali uma paixão a três e sendo assim, porque não morarem juntos durante a estadia da Inês em Portugal? Seria sem dúvida bem mais divertido e prazeroso. Assim foi, extranhamente envolvidos em Lisboa com a Inês, o Miguel e a Catarina esqueceram todas as discussões, todos os maus momentos, para dar vida a outros bem mais sugestivos e felizes.
Afinal, quem não gosta de paixões avassaladoras e momentos Deleitantes? A Luxúria permanece sempre nas nossas mentes!

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